quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Biogeografia de Mamíferos Marinhos

Para se compreender a distribuição de uma espécie é necessário que se tenha
conhecimento tanto de sua ecologia com de sua história evolutiva. As necessidades
ecológicas de um espécie limitam onde ela possa viver. Para os mamíferos marinhos os
padrões de temperatura da água e a distribuição de produtividade primária influenciam suas
distribuições atuais e passadas. As distribuições dos mamíferos marinhos atuais podem ser
classificadas como cosmopolitas, anti-tropicais (disjuntas) e endêmicas.
Dois grandes processos históricos influenciaram a distribuição geográfica das
espécies: dispersão (movimento de uma espécie para uma área) e vicariância (formação de
uma barreira que divide a área ocupada por uma espécie). Um cladograma de área pode
mostrar as relações filogenéticas entre espécies que habitem áreas diferentes. Se  a
distribuição geográfica das espécies for determinada principalmente por eventos vicariantes
então o cladograma de área de um taxon deverá ser similar à história geológica da área
ocupada. Filogenias já foram utilizadas para se estudar a biogeografia de relações
hospedeiro-parasita (p.ex. nematódeos e focídeos) e a evolução e biogeografia da ecologia
alimentar de peixes-boi.

Para os pinípedes, a biogeografia histórica sugere alguns padrões. Os estágios
iniciais da evolução dos odobenídeos se deu no Pacífico Norte. De lá as linhagens das
morsas modernas entraram no Caribe a partir do Pacífico através da Passagem da América
Central (5 a 8 Maa) e se dispersaram para o Atlântico Norte. Para os otarídeos a evolução
ocorreu principalmente no Pacífico Norte e os lobos- e leões-marinhos se dispersaram para
o hemisfério sul a aproximadamente 6 Maa. Já para os focídeos sua história evolutiva se
iniciou no Atlântico Norte. Se formos aceitar a monofilia dos pinípedes precisa-se supor que
um ancestral comum dos focídeos tenha migrado para essa área através da Passagem da
América Central. Deteriorações climáticas teriam resultado em uma migração das focas
monachinae para o sul, enquanto que os focinae se adaptavam para climas mais frios ao
norte. Aparentemente os monachinae se diversificaram nas águas frias do hemisfério sul,
para formar a atual fauna de focídeos antárticos. A diversificação e especiação dos focídeos
no Atlântico Norte provavelmente foi afetada por eventos glaciais.
Tanto os cetáceos como os sirênios tiveram uma origem Tethyana. Os odontocetos e
os misticetos mais antigos foram encontrados no hemisfério sul e aparentemente a evolução
do mecanismo de alimentação por filtração dos misticetos está ligada ao início da Corrente
Circumpolar Antártica e às rápidas mudanças criadas na produção zooplanctônica. Já  a
recente diversificação dos cetáceos deve estar ligada a mudanças no nível do mar, que
pode ter promovido o isolamento e especiação em alguns casos e extinção em outros. Para os sirênios, apesar de terem tido uma grande diversidade no passado, o esfriamento do
clima no final do Mioceno deve ter reduzido a disponibilidade de fanerógamas marinhas,
diminuindo a disponibilidade de recursos. A linhagem que deu origem a vaca-marinha de
Steller provavelmente foi uma adaptação para climas mais frios, e habitava o Mar de Bering
até ser extinta pelo homem.

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